JULIETTE
Satyros abrem novo espaço na Roosevelt com Tetralogia Libertina
No dia 17 de abril Os Satyros abriram seu novo espaço na Praça Roosevelt, o Estação Satyros, onde anteriormente funcionava o Espaço dos Satyros II, em uma parceria com o escritório de arquitetura Arkitito.
A inauguração do novo espaço foi marcada pela estreia da nova produção da companhia, a peça “Juliette”, parte da Tetralogia Libertina que o grupo pretende montar no decorrer deste ano.
O Fechamento do Espaço dos Satyros II
Em janeiro de 2013, após oito anos de funcionamento do Espaço dos Satyros II com intensa programação de atividades, a companhia se viu obrigada a encerrar as atividades do Espaço, devido a uma série de fatores, entre os quais: dificuldades econômicas de manutenção do espaço, necessidade de reforma urgente das instalações e falta de estrutura financeira para desenvolvimento de novas produções no local.
Apesar do fechamento, Os Satyros tentaram junto aos proprietários uma série de tratativas com o fim de reabri-lo em condições mais adequadas para o seu funcionamento. Durante estes dois anos, pensamos em uma série de alternativas e tentamocxs alguns apoios pontuais para a viabilização do espaço, tendo em vista a importância do trabalho cultural dos Satyros na região da Praça Roosevelt e a importância que esta tem na cena cultural da metrópole.
Finalmente, em agosto de 2014 conseguimos chegar a um acordo com os proprietários e definimos a abertura de um novo espaço cultural no local. Chamado de Estação Satyros, o local será um espaço para as artes em geral, com exposições, performance, música e teatro.
Contando com a parceria do escritório de arquitetura Arkitito, do arquiteto Tito Ficarelli, o espaço foi totalmente reformado, contando com novas instalações para o desenvolvimento de atividades culturais variadas, além da grade de programação teatral intensa que deve ser retomada, agregando mais cultura à já agitada Praça Roosevelt.
A Tetralogia Libertina
“Sade é um filósofo e, a seu modo, um moralizador, atacá-lo seria como atacar Jean Jacques Rousseau nas ‘Confissões’.”
Jean Cocteau
“…Se Sade não tivesse existido, teria de ter sido inventado…”
Georges Bataille
Para a abertura do Estação Satyros, a companhia definiu a realização da Tetralogia Libertina, a partir da obra do Marquês de Sade. O projeto conta com a estreia oficial de “Juliette” e a remontagem de três produções clássicas dos Satyros: “A Filosofia na Alcova”, “Os 120 Dias de Sodoma” e “Justine”. O projeto se estenderá durante o ano de 2015 e não conta com apoios oficiais e nenhuma forma de patrocínio.
O Marquês de Sade é um nome singular na história da literatura universal. Aliada a uma biografia cheia de peripécias, vivida em plena Revolução Francesa, sua obra suscitou debates intelectuais acirrados durante os séculos. Proibido em seu tempo, a publicação de suas obras era realizada de forma clandestina e causavam grande interesse.
Nascido em Paris, pertencia à aristocracia francesa decadente do século XVIII. Ingressou no Exército e voltou da Guerra dos Sete Anos como capitão de cavalaria. Sua natureza sexual perversa o levou a várias ocorrências policiais, tendo sua primeira prisão ocorrido em Aix-en-Provence, quando torturou prazeirosamente uma moça. Condenado à morte, foi indultado por interferência da família. Estes casos se repetiram em várias outras cidades como em Arcueil e Marselha. Várias vezes preso, sempre conseguia evadir-se, até ser preso definitivamente em Vincennes (1777), de onde foi transferido para a prisão da Bastilha (1784). Ficou internado no hospício de Charenton (1789-1790, 1801-1814) até a morte. Sua obra mais notável foi marcada pelo tom pornográfico em que o sexo e a filosofia materialista eram apresentados simultaneamente, retratando a decadência dos costumes vigentes na França da sua época, deformadas pelas descrições patológicas da corrupção moral e de perversões sexuais.
Muito além do neologismo “sadismo”, tão utilizado pela psicanálise, sua obra também inspirou artistas como os do movimento Surrealista, Artaud, Buñuel, entre outros. Pensadores como Lacan e Sartre mergulharam na sua obra para poder compreender a essência humana, tanto em sua moralidade quanto nos mecanismos que nos movem.
Juliette
Considerada uma das personagens femininas mais polêmicas da história da literatura, a obra foi publicada sob anonimato entre 1797 e 1801 em seis volumes. Esta obra correspondia originalmente à segunda parte de La Nouvelle Justine (1797). A Juliette do título é a irmã de Justine, uma heroína libertina que vive aventuras as mais variadas, ostentando uma vida bem sucedida, ao contrário da sua virtuosa e desafortunada irmã Justine. Embora seja criada num convento, Juliette é corrompida desde os 13 anos e embarca numa aventura que inclui praticamente todos os tipos de depravação física e moral. A corrupção, as orgias, as traições e assassinatos cometidos por Juliette durante suas aventuras se inserem em um pensamento libertino complexo e bastante desenvolvido durante toda a obra. Considerada uma obra fulcral dentro da trajetória de Sade, “Juliette” pode dialogar perfeitamente com o momento atual brasileiro, onde a crise das instituições e da moral nos leva a um confronto com contornos ainda a serem definidos.
A montagem dos Satyros pretende realizar uma abordagem não cronológica da vida de Juliette, com o debate dos textos filosóficos que rondam o romance de Sade, trazendo à tona os aspectos mais corrosivos de sua abordagem da humanidade, discutindo o papel da mulher na sociedade contemporânea.
Estação Satyros
Idealização: Satyros e Arkitito
Arquiteto responsável: Tito Ficarelli
Coordenação geral de projeto: Luiza Gottschalk
Juliette
Texto: Nina Nóbile e Rodolfo García Vázquez, a partir da obra do Marquês de Sade
Direção: Rodolfo García Vázquez
Assistência de direção: Gustavo Ferreira e Henrique Mello
Elenco: Bel Friósi, Bruna Guimarães, Daiane Brito, Diego Ribeiro, Eric Barros, Felipe Moretti, Fernando Soares, Flavio Sales, Janaína Arruda, Lenin Cattai, Lucas Allmeida, Renato Lima, Ren’Art, Ricardo Fernandes, Rodrigo Banks, Sabrina Denobile, Silvio Eduardo, Stephane Sousa
Figurinos: Carol Carvalho e Bia Pieratti Bueno
Cenários: Marcelo Maffei
Trilha Sonora: Henrique Mello e o coletivo
Iluminação: Guilherme Pereira
Produção: Carina Moutinho
Fotos: André Stéfano
Serviço
Espetáculo: Juliette
Estreou: 17 de abril, 21h.
Onde: Estação Satyros (Praça Roosevelt, 134 - Consolação)
Temporada: sextas a domingos, às 21h, até 06 de setembro.
Ingresso: R$ 40,00 e R$ 20,00 (meia entrada)
Duração: 90 minutos
Classificação: 18 anos
Informações e reservas: 3258.6345 / 3231.1954
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